“A máscara bela, mas sem cérebro”: Pascal e Lacan sobre o início de uma análise
Este artigo propõe uma leitura do início de uma análise que se distancia da ideia de um fenômeno visível ou identificável, como um marco objetivo e evidente no processo analítico. Em vez disso, sustenta-se que o verdadeiro início se dá como um fato de discurso. A partir da releitura que Lacan faz da aposta de Pascal, argumenta-se que esse início implica risco, perda e a sustentação de um gesto subjetivo que rompe com a suposição de um saber sobre si mesmo.
A fábula da raposa diante da máscara é retomada para pensar o analista como aquele que encarna a inconsistência e não oferece garantias ao Eu. O início, nesse contexto, não é algo que se reconhece de imediato, mas apenas a posteriori, quando se evidencia um deslocamento no discurso: o sujeito já não fala para se completar, mas para se implicar na divisão que o constitui.